sábado, 21 de novembro de 2009

O Negro na Sociedade Brasileira



Imagem capturada na Internet

Continuando sobre as comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra... Esta data nos faz refletir não só no papel do negro na formação da sociedade brasileira, como também a sua participação e condições na realidade socioeconômica do país.
 
Como sempre discutimos, em sala de aula, a participação dos negros no mercado de trabalho, o preconceito racial tão latente ainda em nossa sociedade, entre outros aspectos, são facetas de nossa herança histórico-cultural.
 
O negro africano foi introduzido na América, através de migração forçada, na condição de mão-de-obra escrava para as colônias de exploração.
 
Desde o seu percurso do continente africano até o Brasil, nos chamados navios negreiros, até a sua venda nos mercados e atuação na Casa Grande (sede das grandes propriedade rurais), nas lavouras e nas áreas de extração mineral, este fora submetido às condições desumanas de vida, de trabalho e de sobrevivência.
 
Além do trabalho pesado, ele era frequentemente humilhado, sofrendo - inclusive - diversos castigos físicos (por açoites; palmatórias; anavalhamento do corpo, seguido de salmoura; queimaduras de ferro em brasa; mutilações; castração; amputação de seios; fraturas dos dentes a marteladas etc). Além dos registros de estupros de negras escravas.
 
Considerados – desde então - como segmento inferior da sociedade brasileira, tipicamente rural, eles eram excluídos do convívio social.
 
A liberdade almejada e alcançada com a Abolição da Escravatura, em 13 de maio de 1888, o fez liberto de sua condição de escravo, explorado e humilhado, como o ser humano e como segmento importante na economia do país.
 
Sua liberdade, no entanto, não representou a sua tão sonhada ascensão social e, muito menos, condições mais justas de sobrevivência humana.
 
Como não haveria de ser em uma sociedade elitizada, em um país de economia, ainda, eminentemente rural, o negro se viu livre, mas sem nenhum aporte concreto capaz de garantir a sua plena sobrevivência, de sua inserção efetiva e total no mercado de trabalho, como mão-de-obra assalariada.
 
Daí, muitos voltarem para as grandes fazendas, oferecendo o seu trabalho em troca de teto e comida. Alguns conseguiram algum trabalho e outros acabaram se submetendo às condições de marginalidade à sociedade da época.
 
Para agravar a situação, com o fim da escravidão, a imigração foi incentivada para suprir a mão-de-obra negra (escrava). Com isso, além de toda uma conjuntura histórica desfavorável ao negro africano e seus descendentes, a competição injusta com os imigrantes europeus acirrou mais ainda a sua situação. Tais circunstâncias intensificaram o processo de marginalização destes no cerne da sociedade brasileira.
 
Por estas questões históricas, podemos afirmar que as atuais condições e participação do negro na sociedade e na vida econômica do país refletem os alicerces pelos quais foram construídas ao longo do tempo.
 
De acordo com o levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Seade, no período de 2004 a 2008, o salário médio dos negros é 43,8% menor do que a remuneração dos brancos.
 
Além disso, em média, o negro recebe R$ 4,62 por hora, enquanto os brancos ganham R$ 8,21.
 
As jornadas de trabalho são, em geral, mais extensas para os negros e estes se encontram – na maior parte – exercendo atividades mais frágeis, seja pela forma de contratação, seja por trabalhos de baixa qualificação.
 
De acordo com os especialistas, a diferença de remuneração também pode ser explicada em função do menor nível de escolaridade dos negros, que acabam atuando em postos que exigem baixa escolaridade e, consequentemente, oferecem salários menores.
 
É evidente e vale a pena ressaltar, aqui, que o negro já obteve muitas conquistas ao longo do processo histórico e que muitos apresentam uma história de vida baseada na persistência, na confiabilidade de seu próprio potencial e no ignorar das atitudes racistas que, muitas das vezes, persistem na prática diária.
 
Quando eu era mais jovem presenciei situações de puro racismo em São Paulo. Minha prima estava à procura de emprego e, na época, tomamos conhecimento que o anúncio nos jornais, onde se lia “Admite-se moços e moças de boa aparência...”, este termo “boa aparência” se referia à cor branca.
 
De qualquer maneira, a situação do negro em nossa sociedade, apesar de ser caracterizada por uma desigualdade de oportunidades e por uma estratificação discriminatória, vem melhorando ao longo do tempo.
 
Mesmo que a passos lentos, a luta pela igualdade, pelo fim do preconceito racial e outros aspectos ligados ao movimento negro e à própria expectativa da população negra civil continua e não deve parar.
 
E, neste processo, o poder das políticas públicas aparecem como principais intermediadores e percursores de mudanças significativas neste cenário, capaz de diminuir as diferenças existentes entre a população negra e não-negra do país.


Fontes de Consulta:

. Diário do Grande ABC

. Jangada Brasil

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