terça-feira, 26 de julho de 2011

Noruega: sentimento xenófobos e o aumento de grupos extremistas de direita

Imagem criada à partir de capturas na Internet (diversas fontes de pesquisa)
e o uso de Paint

Texto atualizado em 26/07 às 08h05

No âmbito da Geografia, podemos dizer que alguns tópicos - tratados em sala de aula neste primeiro semestre – estão sendo “repassados” na prática. Basta acompanharmos as notícias nos jornais ou na TV (telejornais) e, principalmente, fazermos a ponte entre a teoria e a prática.

Xenofobia, imigração, blocos econômicos, União Aduaneira, multinacionais, fatores locacionais, crise econômica, União Europeia, desemprego conjuntural, entre outros temas, estão sendo abordados nas mídias. Vamos ver nesta e nas próximas postagens.

Vamos começar pelo fato lastimável ocorrido na Noruega, país nórdico, localizado na Europa setentrional, ou seja, na porção norte do continente europeu, mais precisamente na porção oeste da Península Escandinava.

Sexta feira passada, 22 de julho, o mundo todo assistiu, estarrecido, as cenas de destruição em vários prédios do governo norueguês em Oslo (capital da Noruega), assim como o número elevado de feridos e de vítimas fatais após este atentado a bomba e o massacre de jovens acampados na ilha de Utoeya, praticado - a bala - pelo mesmo autor do atentado.

Não só os fatos em si surpreenderam e chamaram a atenção, mas também o país-palco do duplo atentado, a Noruega, considerada uma nação de tradição pacífica, neutra.

A Noruega lidera o ranking dos países com o maior Índice de desenvolvimento Humano (0,938 – dados de 2010) e a expectativa de vida da população é de 81 anos (2010).


 Imagem capturada na Internet (Fonte: Wikipedia)




Imagem capturada na Internet (Fonte: Wikipedia) 


Estes dois episódios, conjuntamente, foram avaliados como o pior ataque ocorrido em território norueguês desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Até o momento, Anders Behring Breivik (32 anos) é o único acusado como autor do duplo atentado, embora as autoridades não descartem a possibilidade de existir mais pessoas envolvidas.


           Imagem capturada na Internet (Fonte: BBC Brasil)


O primeiro atentado a bomba foi contra um prédio, na capital norueguesa, Oslo. O prédio de 17 andares abriga escritórios e ministérios do governo. Por sorte, a tragédia não foi maior devido ao fato da maior parte dos funcionários se encontrarem de férias.

O segundo ataque do referido acusado foi na ilha de Utoeya, onde vários jovens estavam reunidos em um acampamento organizado pelo Partido Trabalhista, o mesmo que governa o país.

Anders Behring Breivik, vestido de policial, foi preso na ilha, portando ainda munição do tipo “dum-dum”, ou seja, balas que se fragmentam no interior do corpo das vítimas. E, para ter a certeza, que estas estavam mortas, segundo informações dos sobreviventes ao ataque, ele atirava duas vezes.

Mas, em qual aspecto - relacionado no início do post - estes fatos têm a ver? Tem tudo a ver com a xenofobia que ocorre, sobretudo, na Europa e, ao mesmo tempo, o aumento das atividades de grupos extremistas de direita que incitam a aversão aos imigrantes (xenofobia) e o forte sentimento anti-islâmico.

A própria polícia norueguesa já havia observado, desde o ano passado, um sensível aumento da atividade de grupos extremistas de direita no país e previu que a mesma cresceria neste ano.

A justificativa de Anders Breivik é que os seus atos eram necessários a fim de salvar a Noruega e a Europa ocidental, entre outras coisas, do chamado “marxismo cultural e da dominação muçulmana". Sentimento eminentemente nacionalista e xenófobo.

Se for condenado, o máximo que Breivik pode pegar – de acordo com as leis norueguesas – são 21 anos de prisão. O que é pouco mediante as 76 vítimas fatais do duplo atentado sob a sua autoria (número retificado e atualizado pelas autoridades locais).

Fatos como estes levantam os questionamentos em torno dos sentimentos nacionalistas, os sentimentos xenófobos, de grupos neonazistas, de extremistas de direita, espalhados por toda a Europa e, para surpresa geral, com efeitos trágicos na Noruega...

Segundo especialistas, apesar de haver registros de ataques de grupos de extrema direita norueguês, historicamente, estes constituíam uma comunidade pequena, desorganizada e caótica, sob a análise destes. Por sua vez, a Suécia, país vizinho, situado a leste, sempre apresentou um movimento neonazista crescente e violento em relação aos imigrantes. Caracterizando-se mais articulados e organizados.

Todavia, enquanto, a Suécia presenciou uma grande diminuição das atividades extremistas, desde o seu auge na metade dos anos 90 (Século XX), após os jornais publicarem fotos de todos os neonazistas conhecidos do país, os grupos extremistas de direita noruegueses parecem ter criado laços com grupos de criminosos ou, ainda, com grupos similares no exterior, isto é, no próprio continente europeu e nos EUA.

Como muitos sabem, após a II Guerra Mundial (1945), a Europa abriu suas fronteiras 'a imigração diante da necessidade de reconstrução e reestruturação da economia dos países afetados direto e/ou indiretamente pela guerra. Sendo assim, o processo de imigração estrangeira foi essencial e, durante muitas décadas, o continente europeu recebeu imigrantes oriundos de diversos países subdesenvolvidos. 

Inclusive, muitos países - sobretudo, os mais desenvolvidos receberam, nos últimos anos, além destes advindos de outros continentes, uma parcela significativa de migrações de dentro da própria Europa, com a saída de pessoas de vários países do Sul, cujo nível de vida é mais baixo e, do leste, após a crise nos países do Leste Europeu (países ex-socialistas).

Mas, a imigração que, antes, foi incentivada por parte de programas de governo, passou a ser reprimida.

A xenofobia surgiu no final dos anos 80 e início de 90. Os xenófobos justificam a hostilidade aos imigrantes estrangeiros e a exaltação ao nacionalismo (amor à pátria) em razão do medo da perda de identidade nacional (ou estrangeirização) em virtude da crescente pluralidade cultural que se verifica na Europa. Não só no continente europeu, mas de uma forma global... 

Em geral, os grupos neonazistas (que cultuam a imagem de Adolf Hitler) justificam os seus atos baseados nestes princípios (perda de identidade nacional e sentimento nacionalista), como também, atribuem aos imigrantes, o aumento dos níveis de desemprego, da violência urbana, da prostituição, do tráfico de drogas, entre outros problemas de ordem mundial e, não apenas, local. 

Com relação ao desemprego, este discurso está longe de verdadeiro. Primeiro, porque os imigrantes exercem, em geral, atividades que os nacionalistas não querem executar e, segundo, como sabemos a Europa e, sobretudo, os países da União Europeia estão passando por uma recessão em virtude da crise econômica. E a Suécia é membro deste bloco econômico (UE).

Sendo assim, nas últimas décadas, o que presenciamos na Europa é um crescente número de atentados neonazistas contra os imigrantes e, ao mesmo tempo, o surgimento de partidos políticos e grupos de extrema direita, exageradamente nacionalistas e racistas, que pregam uma “limpeza étnica” nos países europeus.

Todavia, sob nenhum discurso xenófobo, os atentados praticados por Anders Breivik são justificáveis, assim como - na minha opinião - 21 anos de prisão não são suficientes diante da tragédia e do número de óbitos provocados pela sua exaltação nacionalista e de extrema-direita.

Fontes

. BBC Brasil (e várias outras edições)

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