sábado, 22 de março de 2014

21 de Março: Dia Internacional da Síndrome de Down


Imagem capturada na Internet - Facebook  (Fonte desconhecida) 


Atualização em 18/03/2014 às 21h04

Ontem foi o Dia Internacional da Síndrome de Down. Data esta, comemorada desde 2006, cuja proposta de criação, tal como já mencionei em outra postagem, partiu da Down Syndrome International, Instituição sediada no Reino Unido.
 
A escolha da data, o 21º dia do 3º mês, foi intencional em relação à singularidade da triplicação (trissomia) do cromossomo 21 que causa a síndrome de Down.

Como muitos sabem, o número de cromossomos presente nas células de uma pessoa é 46 (23 do pai e 23 da mãe), dispostos em pares, somando 23 pares. No caso da Síndrome de Down, durante a gestação, ocorre um erro na distribuição e, ao invés de 46 cromossomos, as células do embrião são formadas com 47 cromossomos. Este cromossomo extra se liga ao par número 21. Daí, o termo "Trissomia do 21".

 
 Imagem capturada na Internet (Fonte: Revista Galileu)
 
Este cromossoma, extra, altera o desenvolvimento regular da criança que, apesar de variar de indivíduo para indivíduo, faz com que os mesmos apresentem características semelhantes, tais como:
 
- os olhos puxados (semelhantes aos orientais); 
- mãos e pés pequenos; 
- a parte posterior da cabeça é levemente achatada (aparência de arredondada); 
- rosto com contorno achatado (os ossos faciais são pouco desenvolvidos); 
- nariz e boca pequenos; 
- orelhas pequenas; 
- algumas crianças mantêm a boca aberta e a língua projetada - um pouco - para fora; 
- pescoço de aparência larga e grossa; 
- os meninos são estéreis e as meninas ovulam, embora de forma irregular; 
- abdômen costuma ser saliente (barriga) etc.
 
A data só foi oficializada, em 19 de dezembro de 2011, pela Organização das Nações Unidas (ONU), contando as comemorações a partir do ano seguinte (2012). A ONU se pronunciou a respeito, convidando a todos, seus países-membros e organizações internacionais, a sociedade civil, as Organizações Não-Governamentais (ONGs) e do setor privado a lembrar da referida data, a fim de fazer valorizar o Dia Mundial (ou Internacional) da Síndrome de Down de forma a contemplar e sensibilizar o público quanto aos indivíduos com esta síndrome.    
 
O primeiro a observar pessoas com estas características foi o Dr. John Langdon Down, em 1866. Médico de renome, na época, em pesquisas e trabalho com crianças com deficiência mental.
 
 Dr. John Langdon Down
Imagem capturada na Internet (Fonte: Wikipédia)
 
Ele observou que certas crianças, com comprometimento cerebral, apresentavam fisionomias semelhantes (olhos puxados, entre outras características). Sem conhecimento mais aprofundado acerca do que, mais tarde, viria ser a ser classificado como anormalidade genética e cromossômica, o referido médico empregou o termo “mongolismo” em razão das características de sua aparência com os povos mongóis (Mongólia, norte da China).
 
Somente no século passado, mais precisamente em 1958, é que o geneticista francês Dr. Jérôme Jean Louis Marie Lejeune verificou, a partir de suas pesquisas, a ocorrência de um erro na distribuição de cromossomos nos indivíduos ditos “mongoloides” (termo empregado pelo Dr. John Langdon Down), ou seja, ele descobriu que se tratava de uma síndrome genética associada ao número e distribuição dos cromossomas. A ocorrência de 47 ao invés de 46 cromossomos é que respondia pelo referido “mongolismo”.
 
Com a sua descoberta e em homenagem ao referido Dr. John Langdon Down, o Dr. Jérôme Lejeune denominou esta alteração genética de "Síndrome de Down".
 
Dr. Jérôme Lejeune
Imagem capturada na Internet (Fonte:  Celebrate LIFE Magazine)
 
Outro termo também empregado é  "Trissomia do 21", no entanto, o primeiro é o mais popular.
 
Como vimos, ela é uma alteração genética que ocorre por ocasião da formação do bebê, no início da gravidez. Por isso, qualquer mulher, independente de raça ou condição social, se encontra sujeita a ter um filho com Síndrome de Down. No entanto, sabe-se que algumas têm maior propensão do que as outras, tais como: mulheres com idade avançada, com histórico familiar com registros de crianças com a mesma síndrome e, também, casamentos consanguíneos, como a união entre primos de 1º e 2º graus.
 
Como não tenho a pretensão – aqui, neste espaço - de discursar ou aprofundar o tema, para maiores informações acerca dos fatores e causas mais comuns de sua ocorrência, a Internet oferece uma gama de sites especializados e seguros sobre o mesmo ou acessem as Fontes de Consulta desta postagem.
 
No meu caso, esta data é marcante tanto por eu ter trabalhado com crianças especiais (entre elas, crianças com Síndrome de Down), no meu primeiro emprego, como professora, na antiga ASCE (Associação de Solidariedade à Criança Excepcional), no bairro de Del Castilho, quanto por ter um aluno muito querido e especial desde 2012 na E. M. Dilermando Cruz, o aluno e atleta (natação), Henrique Matheus Lima.
 
Este se encontra, totalmente, integrado à turma e interage muito bem com os colegas. Eu posso até afirmar que observei algumas evoluções em sua prática diária, como aluno, neste início de ano. Ele está escrevendo mais rápido do que antes e já tomou a iniciativa de ler, em voz alta, a resposta do exercício de casa.
 
A turma toda gosta dele e o trata com carinho. E essa interação é de suma importância no seu desenvolvimento e no seu processo de inclusão social. Aliás, não só os colegas, mas – sobretudo – a família. Estas relações (tanto na escola quanto em casa) podem o auxiliar a adquirir competências, bem como incentivar as suas habilidades a permitir o seu desenvolvimento enquanto aprendiz (aluno), indivíduo (alcançar certa autonomia) e ser social (inclusão na sociedade).
 
Ele participou da 16ª edição da Olimpíada da Pessoa Deficiente (Olimpede), no ano passado, em Volta Redonda (RJ) e conquistou a primeira colocação na natação. Vejam a matéria, AQUI!
 
Não resta dúvida que, ainda, há muito a melhorar em termos do programa de Educação Inclusiva, tal como prevê a legislação brasileira acerca de pessoas especiais (incluindo neste, os de síndrome de Down), pois o processo não contempla apenas reformas estruturais nos prédios escolares (rampa, alargamento da abertura das portas etc.) ou adaptações do conteúdo e dos instrumentos de avaliação, entre outros aspectos. Ele requer a inclusão social efetiva e, não, apenas a sua integração física e social na escola, considerando-o exclusivamente como um mero telespectador do processo educativo.
 
Inclusão social não se enquadra apenas – no âmbito da Educação Escolar – na sua matrícula no ensino regular. Há a necessidade de uma prática de olhar e de ensinar do professor articulada as suas necessidades e dificuldades. Infelizmente, muitos ainda não concebem assim... 
 
Como forma de não passar em branco a data comemorativa, uma vez que, ontem, eu cheguei muito tarde em casa e não pude publicar algo a respeito, dedico o meu carinho pela passagem deste dia ao aluno e atleta Henrique Matheus Lima, da Turma 1801.         




 
 

 
 

 
 
Fontes de Consulta
 
 
. Doenças Genéticas - Bebê.com.br
 
 
. Síndromes - Arts Brasil 
 
. Síndrome de Down - Dr. Drauzio 
 
 
. Wikipédia



quinta-feira, 20 de março de 2014

Território Marítimo e suas Delimitações


Imagem capturada na Internet (Fonte: Geografia e Tal)
 
O mar costeiro, aquele que acompanha a faixa litorânea de um país ou ilha, passou a ser mais valorizado e se tornou pauta de grandes discussões a nível mundial, no final do século passado, sobretudo, em razão de sua imensa riqueza (uso e exploração dos recursos marinhos), como também da questão ambiental e da soberania exercida sobre ele pelo Estado (parte integrante do território).
 
Só para se ter uma ideia acerca do nosso país:
Extensão do território nacional: 8.511.965 de Km²
 
Extensão marítima: cerca de 3,5 milhões de Km²**
 
**(Sua extensão poderá chegar a cerca de 4,4 milhões de Km² se se for aprovada uma área adicional, requerida às Nações Unidas como Zona Econômica Exclusiva - ZEE, ao redor das ilhas oceânicas e do arquipélago de São Pedro e São Paulo, na região marinha do Nordeste, logo acima da linha do Equador).
 
A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), em dezembro de 1982, na Jamaica, definiu e regulou a grande província do direito internacional, isto é, o direito do mar costeiro. Além da soberania do Estado sobre este e suas águas adjacentes, a CNUDM estabeleceu também conceitos e normas quanto à gestão dos recursos marinhos e de controle da poluição.
 
E, ainda, com o objetivo de julgar possíveis controvérsias em relação à interpretação e à aplicação deste Acordo, a Convenção criou o Tribunal Internacional do Direito do Mar.
 
O Brasil participou e assinou a referida Convenção, ratificando-a em dezembro de 1988.
 
Sendo assim e, em função da importância do mar costeiro e de todas as águas adjacentes torna-se de importância vital a compreensão da área de abrangência do que se denominou Território Marítimo e suas respectivas delimitações.
 
Sendo assim, o Território Marítimo compreende as seguintes áreas delimitadas:
 
1. Águas interiores: são considerados os rios e ribeirões de drenagem exorreica, isto é, aqueles que desembocam diretamente no mar;

2. Mar Territorial: corresponde à faixa de águas costeiras que se estende desde a linha de baixa-mar do litoral continental e insular até 12 milhas náuticas, ou seja, 22 km. A soberania do Brasil se estende ao mar territorial, ao espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo;

3. Zona Contígua: Continua depois do Mar Territorial, em 12 milhas marítimas, o Estado tem direito para fins de fiscalização alfandegária, saúde, imigração etc.;

4. Zona Econômica Exclusiva (ZEE): considera-se 200 milhas (370 kma partir da linha da costa. Não se tem soberania absoluta na ZEE, havendo apenas o direito de exploração econômica;

5. Plataforma Continental: é a extensão do continente, sobre a qual o país tem soberania na exploração econômica de seu subsolo.
 
Recursos Marinhos
Os recursos marinhos são classificados em quatro categorias, a saber:
 
. Minerais: cascalhos, areias e argilas (para a construção civil); calcário (para a agroindústria) e metais nobres, como ouro, platina, magnetita, cassiterita, óxidos de titânio etc.;
. Vivos: a pesca e a biotecnologia marinha;
. Energéticos: Petróleo e gás natural que são combustíveis fósseis, além uso dos recursos energéticos alternativos tais como a força das marés, das ondas ou dos ventos costeiros
. Não-extrativos: trata-se do mar enquanto uso, ou seja, como via de transporte (passageiro e mercadorias*), atividades portuárias, turismo marítimo, esportes náuticos e sua forte  influência no turismo costeiro (costa litorânea).
*Cerca de 95% do comércio exterior é feito por via marítima.
AMAZÔNIA AZUL
 
 Imagem capturada na Internet (Fonte: Poder Naval)
 
A expressão "Amazônia Azul" foi criado pelo Almirante de Esquadra Roberto de Guimarães Carvalho, então Comande  da Marinha e Coordenador da Comissão Interministerial para os Recursos  do  Mar (CIRM) na intenção de fazer um paralelo e destacar as riquezas e recursos naturais existentes  nesta  imensa  área azul (mar costeiro) com  as  que  ocorrem em nossa Floresta Amazônica (Amazônia Verde).
 
A Amazônia Azul compreende a imensa extensão de mar brasileiro, constituída pela soma da Zona Econômica Exclusiva com a Plataforma Continental. Sua extensão poderá chegar a cerca de 4,4 milhões de Km² se for aprovada uma área adicional, requerida às Nações Unidas como ZEE, ao redor das ilhas oceânicas e do arquipélago de São Pedro e São Paulo, na região marinha do Nordeste, logo acima da linha do Equador).
 
 Imagem capturada na Internet (Fonte: Sucupira com Geografia)
 

 
Fontes de Consulta
 
. BRANDINI, Frederico: Amazônia Azul...uma ova! ((o)) eco
 
 

. SOUZA, J.M. de: Mar territorial, zona econômica exclusiva ou plataforma continental? Revista Brasileira de Geofísica, Volume 17, N. 1, São Paulo, 1999.  

terça-feira, 18 de março de 2014

Entenda a Crise da Ucrânia e da Crimeia


Manifestações em Kiev (2013) - Imagem capturada na Internet
(Fonte: Wikipédia - Foto de Nessa Gnatoush)
 
Estou há muito tempo para postar algo sobre a crise da Ucrânia, mas não tive tempo de parar e escrever, tal como expliquei aos alunos por ocasião que comentei sobre a conjuntura atual do país em sala de aula.
 
Como eu mesma expliquei e correlacionei à matéria deste bimestre, assim como dos anos anteriores para algumas turmas, a crise atual na Ucrânia nos remete ao período da Guerra Fria, ora por seu legado como ex-república soviética (URSS) ora por ressuscitar um conflito de influência entre Ocidente e Oriente, tanto internamente em seu território dividido, quanto externamente com o desencadeamento da disputa sobre a Crimeia (nome oficial, República Autônoma da Crimeia) entre Moscou (capital da Rússia) e o Ocidente (Kiev e países ocidentais).
 
Para entendermos a crise da Ucrânia, a situação vigente do país, a crise da Crimeia e, inclusive, o quê esteve em jogo, no domingo passado (16 de março), com a realização do referendo sobre o destino desta república autônoma, localizada junto ao mar Negro é preciso que retomemos o final do ano passado, quando tudo começou. 
 
Mas, antes de tentar sintetizar a crise ucraniana e, a sua conjuntura atual, com o desencadeamento da crise da Crimeia em um único texto torna-se vital uma abordagem breve sobre o país a fim de que possamos entender a sua diversidade étnico-cultural, que é a base do sentimento separatista que baliza a relação da República Autônoma da Crimeia com a Ucrânia.
 
Para saber acerca da Ucrânia, acesse a postagem referente ao país, AQUI!
 
A crise na Ucrânia teve início, em novembro de 2013, quando o então presidente Viktor Yanukovich (deposto recentemente, em fevereiro) rejeitou assinar o acordo de livre-comércio e associação política com a União Europeia (UE), declarando que buscaria firmar relações com o seu principal aliado comercial, a Rússia.
 
A Rússia, em troca, ofereceu ao governo ucraniano um pacote de ajuda financeira avaliado em US$ 15 bilhões e, ainda, a redução do valor do gás importado para o país. 
 
A União Europeia, na verdade, esperava firmar acordos com mais cinco ex-repúblicas soviéticas, a saber: Geórgia, Moldávia, Bielo-Rússia, Armênia e Azerbaijão. No entanto, ela só conseguiu com a Geórgia e a Moldávia, que são pequenos países sem grandes projeções econômicas.
 
Das quatro que rejeitaram o acordo com o bloco econômico europeu, a Ucrânia é a mais importante, sobretudo, por sua localização estratégica tanto pelo acesso ao Mar Negro e, a partir deste, ao Mar Mediterrâneo quanto à Europa Oriental, como também por seu potencial econômico (tecnologias bélica e aeroespacial de ponta, extração de minério de ferro e produção de aço, principal produto de exportação de Kiev), entre outros.
 
Para a Federação Russa, motivos não faltam para justificar a sua pressão sobre o governo ucraniano para fechar acordos comerciais com Moscou e abdicar da aproximação com o Ocidente através da União Europeia.
 
Além de fortes laços históricos e culturais, que os mantêm ligados, herança do período da Guerra  Fria e de outros registros, que servem como esteio às relações políticas e comerciais, a Ucrânia firmou um acordo com a Rússia, desde 2010, no qual ela autoriza a presença de forças armadas de Moscou na República Autônoma da Crimeia.

Imagem capturada na Internet (Fonte: Informação Incorreta) 

A Ucrânia abriga, até hoje, instalações militares e mísseis da antiga URSS. Ademais, é dependente do gás natural e do petróleo da Rússia, além de ser considerada de grande relevância geoestratégica para os russos em razão do escoamento destes combustíveis fósseis através de gasodutos e oleodutos em seu território.
 
Pois bem, logo após a rejeição ao acordo com a União Europeia, uma onda de manifestações populares, denominada de Euromaidan ("Europraça"), marcou o país na tentativa de fazer o governo ucraniano voltar atrás em sua decisão, exigindo a integração do país à UE. 

Mas, como reflexo de sua grande diversidade étnico-cultural, as divergências políticas também se mostraram na população, dividida, quanto apoio às partes desta relação comercial com a União Europeia ou com a Rússia.
 
Em razão deste seu legado histórico e cultural, marcado, entre outros fatos, com o seu ingresso na URSS (1922) e, depois, com a sua independência após o desmantelamento da União Soviética (1991) e, ainda, no âmbito da Guerra Fria, com a anexação da República Autônoma da Crimeia em seu território (1954), a população ucraniana se mostra dividida, nos levando a perceber que o seu território é assinalado por mais de uma Ucrânia, tal como cita FERNANDES (2014), em seu artigo “Ucrânia: as três dimensões do conflito”:
 

Por fim, está sempre presente a diversidade regional, histórica,
cultural, religiosa e linguística da Ucrânia,
que se traduz em mentalidades e interesses
por vezes opostos entre a Ucrânia Ocidental e a Oriental
— para não falar na Crimeia —
e que se pode resumir numa fórmula:
‘Há várias Ucrânias’.”


  Imagem capturada na Internet (Fonte: Último Segundo - Mundo - Reuters e AP)

Ou seja, o conflito iniciado após a desistência do governo em associar-se, política e comercialmente, com a União Europeia - sob forte pressão da Federação Russa - foi  alimentado pela posição controversa de sua população dividida, concentrando a oposição nas regiões Norte e Oeste do país (inclusive, na capital Kiev), onde se verificam tendências ocidentais (europeia), favoráveis à associação comercial à UE.


Manifestante Pró-UE - Imagem capturada na Internet
(Fonte: Revista Veja - Foto: Alexander Demianchuk/Reuters


Em contrapartida, nas regiões Leste e Sul da Ucrânia, a população é predominantemente russa ou mantém costumes russos, sobretudo, a língua. A população destas regiões demonstrou total apoio à decisão do presidente Viktor Yanukovich. Étnica e culturalmente, cerca de 20% da população ucraniana é de origem russa.

Manifestante Pró-Rússia - Imagem capturada na Internet
(Fonte: Revista Veja - Reuters)

A crise se agravou com a intervenção violenta da polícia nas manifestações populares, com registros de feridos e de prisões de manifestantes. As primeiras vítimas fatais ocorreram em janeiro deste ano, aumentando mais ainda o clima hostil entre as partes (manifestantes x manifestantes e manifestantes x governo).

Confronto entre manifestantes e policiais em Kiev, capital da Ucrânia.
Imagem capturada na Internet (Fonte: Revista Veja - AFP)  


Imagem capturada na Internet (Fonte: Revista Veja - AFP)

Em janeiro do ano em curso, as negociações estabelecidas entre a oposição e o governo não tiveram sucesso. Outros fatores contribuíram para o acirramento dos conflitos, como a insatisfação da população com o regime autoritário e corrupto do governo na Ucrânia e, posteriormente, com a intervenção direta da Federação Russa, inclusive, com ameaças de sanções comerciais ao país e a presença de tropas russas em seu território (terrestre e marítimo).

Atendendo as reivindicações dos manifestantes e, ao mesmo tempo, alegando que sua atitude foi uma tentativa para solucionar pacificamente a crise, o Primeiro Ministro da Ucrânia, Mykola Azarov, renunciou ao seu cargo no final do mês de janeiro, mas de nada adiantou, pois os protestos nas ruas continuaram.

O governo ucraniano, então, sancionou novas leis que limitam os protestos populares e reprimiu severamente, com muita violência, os manifestantes, sobretudo, aqueles que tomaram praças e prédios públicos. Armas de fogo foram usadas por ambas as partes e o número de mortos, no final de fevereiro, chegou a oitenta e duas vítimas fatais. 

No dia 22 de fevereiro, o presidente ucraniano, Viktor Yanukovich foge do país, indo para a Rússia. Ele é deposto pelo Parlamento.

Viktor Yanukovich - Imagem capturada na Internet (Fonte: Wikipédia)

 
Com isso, um novo governo, interino, passa a ser montado, cuja responsabilidade de reestruturação do poder fica a cargo da própria oposição ao governo, grupos de manifestantes e ativistas, os quais foram denominados de Comitê ou Conselho de Maidan (principal acampamento dos protestos em Kiev, capital do país).
 
Um dia depois da deposição de Viktor Yanukovich, foi nomeado - como o presidente interino (Chefe de Estado) – o líder do Parlamento, Oleksander Turchinov, que ficará no cargo até às próximas eleições presidenciais, as quais foram antecipadas para o dia 25 de maio.
 
A nomeação do novo Chefe de Governo (Primeiro-Ministro) aconteceu no dia 24 do mesmo mês, para o qual foi nomeado Arseniy Yatsenyuk, líder do Partido Fatherland e um dos principais nomes da oposição durante as manifestações de rua.
 
Tais medidas foram consideradas pela população Pró-Rússia (população das regiões Leste e Sul da Ucrânia), assim como da Crimeia e da própria Rússia, como um Golpe de Estado.

Com isso, as tensões separatistas na região da Crimeia se intensificaram com o embate entre os grupos de manifestantes pró-Rússia e pró-Kiev. Rumores foram espalhados, no mesmo dia da nomeação do Primeiro-Ministro, sobre a separação da região da Crimeia ser discutida na mesma sessão. Boato este, desmentido pelo presidente do Parlamento, Volodymir Konstantinov.
 
Durante tal confronto, os manifestantes anti-Rússia (pró-Kiev) chegaram a invadir o prédio do Parlamento da Crimeia.

Em virtude da crescente tensão militar na República da Crimeia, o Senado russo aprovou o pedido do presidente Vladimir Putin, e tropas russas foram enviadas para a região, agravando o clima de instabilidade política.
Nesta conjuntura, a crise da Crimeia é instalada não só com os confrontos populares diretos, mas  também pela presença de tropas da Rússia região.

A República Autônoma da Crimeia acabou tornando-se alvo de disputa e de grande tensão entre os dois lados, a chamada “Ucrânia Ocidental” e a “Ucrânia Oriental”.
 
A Crise na Crimeia
 
A Crimeia é uma república autônoma da Ucrânia, sob a forma de uma península (ponta de terra que avança sobre o mar), localizada no Sul do país junto ao Mar Negro.
 
Sua importância geopolítica, neste contexto, não se refere apenas ao acesso ao mar Negro e o escoamento de gás e petróleo russo, mas também pela existência de uma base naval russa neste, mais especificamente em Sebastopol e por sua população ser, majoritariamente, de origem russa, o que acabou fortalecendo o enfrentamento russo neste conflito.
 
A disputa entre a Rússia e o Ocidente sobre a República Autônoma da Crimeia foi considerada uma das mais graves crises geopolíticas na Europa, desde o fim da Guerra Fria. E o seu desfecho ainda é incerto, mesmo com o resultado do referendo de ontem, domingo (16/03), ter sido a favor de sua integração à Federação Russa.
 
Uma vez que, tanto os EUA quanto à Organização das Nações Unidas (ONU) alegam a ilegitimidade do referido referendo e ameaçam com sanções à Rússia.
 
Como a população da Crimeia é majoritariamente russa (60%), tendo 25% de ucranianos e 12% de tártaros, o resultado das urnas já eram previsíveis.
 
O governo interino da Ucrânia confirmou a ilegalidade do referendo, dando ordens de prisão tanto ao presidente do Parlamento da Crimeia, Volodymyr Konstantynov, quanto ao Primeiro-Ministro, Sergei Aksyonov, sob a acusação de tentativa de tomada de poder do Estado. No entanto, com a presença das forças russas na Crimeia, as autoridades ucranianas não tiveram como impedir a realização da consulta popular.
 
O referendo foi realizado, sem a presença da imprensa e de observadores, tal como fora anunciado anteriormente as mídias. A população da Crimeia foi às urnas para decidir, democraticamente, se ela deveria permanecer integrada à Ucrânia ou deveria passar a fazer parte da Federação Russa.
 
Desde a divulgação das primeiras parciais, os resultados já davam uma margem muito grande à opção de anexação da Crimeia à Federação Russa. Resultado este já esperado, mesmo com toda as controvérsias que envolveram o seu processo. Opção da própria população local, votante.
 
Saber se a crise da Crimeia ou da própria Ucrânia chegou ao fim é difícil definir, pois as consequências deste processo ainda não sabemos.
 
Mas, não resta dúvida que a encruzilhada por qual a Crimeia se encontrava tinha, como pano de fundo, os interesses econômicos e políticos de ambos os lados, tanto da Rússia quanto da União Europeia.
 
Não resta dúvida que o sentimento separatista permeia muitas nações em conflitos, tal como a Ucrânia ou a República Autônoma da Crimeia, cuja herança histórica resulta em grande instabilidade política em razão da união de povos distintos, com grandes diferenças étnico-culturais, dentro de um único território. A Crimeia e a própria Ucrânia são exemplos disso.
 
 
Fontes de Consulta
 
 

. Folha de São Paulo (diversas edições on line)

. G1 (diversas edições on line)


. Opinião & Notícias (diversas edições on line)

Público   e outras edições


. Último Segundo (diversas edições on line)

. Wikipedia