domingo, 31 de maio de 2015

Temperaturas Baixas e Neve no Estado do Rio de Janeiro

Todo ano, quando inicio as aulas sobre Clima ou Regionalização da Terra por Zonas Térmicas (ou Domínios Climáticos), as reações dos alunos são sempre as mesmas, isto é, de total espanto misturado com certa descrença, uma vez que muitos não acreditam e duvidam das minhas palavras.
 
Afinal, como imaginar neve no estado do Rio de Janeiro, ainda mais morando na capital (município de mesmo nome), estando acostumado com as altas temperaturas e chuvas no verão?
 
Realmente, para muitos, é algo surpreendente, porém fácil de entender...
 
Pois bem, estou me referindo aos registros de neve no Pico das Agulhas Negras, localizado na Serra da Mantiqueira, entre os municípios de Itatiaia e Resende (no estado do Rio de Janeiro) e o município mineiro de Bocaina de Minas.
 
Com os seus mais de 2.790,00 metros de altitude, este é considerado o ponto culminante do nosso estado, ocupando a sexta posição entre os pontos mais altos do país.
 
Como entender a precipitação nival (neve) no estado do Rio de Janeiro, se este se encontra – assim como a maior parte do território nacional - na Zona Térmica classificada como a mais quente e úmida do planeta (Zona Tropical ou Intertropical)?
 
Para entender é preciso compreender os efeitos dos dois principais fatores que determinam o clima de uma região, isto é, a Latitude e a Altitude. Embora, existam outros fatores que possam influenciar também as condições climáticas, mais pontuais, como as massas de ar, as correntes marítimas, a continentalidade, a maritimidade e a disposição de relevo, a latitude e a altitude se destacam na determinação e influência climática.
 
A Regionalização ou Divisão da Terra em cinco Zonas Térmicas tem por base a relação Latitude versus Radiação Solar. Em razão da forma esférica da Terra, com leve achatamento nos polos (geoide), a incidência dos raios solares não vai apresentar a mesma intensidade em toda a superfície terrestre.
 
 Imagem capturada na Internet
(Fonte: Geografia Net)


Nas áreas próximas à linha do equador, que corresponde a parte mais larga do planeta, a intensidade vai ser maior (temperaturas mais altas), pois os raios solares atingem à superfície de forma perpendicular. Já na direção dos polos, com o formato do planeta é mais arredondado, estes incidem de forma inclinada, atingindo a superfície com menor intensidade.
 
Em razão disso e da influência da Latitude verifica-se uma diminuição da temperatura da linha do equador em direção aos polos, ou seja, das baixas às altas latitudes, a temperatura diminui.
 
Vale, ainda, ressaltar neste item que o território nacional não se encontra totalmente localizado na Zona Tropical ou Intertropical, tendo em vista que a região Sul do país se localizada na Zona Temperada do Sul e, em consequência disso, esta apresenta condições climáticas distintas das demais regiões brasileiras. É por esta razão que a precipitação nival (neve) é comum na região, durante o inverno, sobretudo, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
 
Se o estado do Rio de Janeiro está localizado na Zona Tropical ou Intertropical, com condições climáticas quentes e úmidas, como se explica a ocorrência de precipitação nival no Pico das Agulhas Negras?
 
Simples! O fator, neste caso, não é a Latitude, mas sim, a Altitude. Sendo esta definida como a distância ou a altura de um determinado ponto em relação ao nível médio do mar. Conforme a altitude aumenta, a temperatura diminui. Isso se dá em razão da incidência solar ocorrer de forma inclinada e, também, pelo fato do ar ser mais rarefeito nas altas altitudes, possuindo – com isso – menor capacidade de acumular calor.
 
Em média, a cada 200 metros de altitude, a temperatura diminui cerca de 1º C a 2º C.
 

 Imagem capturada na Internet

(Fonte: Geógrafos)
 

Por esta razão, ou seja, pela altitude, cai neve no Rio de Janeiro, mais especificamente, no Pico das Agulhas Negras.
A imagem, abaixo, eu cheguei a comentar com os alunos durante a explicação em sala de aula. Nesta é possível ver a conjunção dos dois fatores, cujas temperaturas são bastante distintas. Trata-se do monte Kilimanjaro, pico culminante do continente africano, na Tanzânia, que em razão da altitude apresenta as chamadas “neves eternas”, embora - devido a latitude - o país esteja localizado na Zona Tropical ou Intertropical (a mais quente do planeta).
 

 Imagem capturada na Internet


 

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