domingo, 22 de outubro de 2017

Bullying deve ser tratado com seriedade

Imagem capturada na Internet


“Aluno atira em colegas dentro de escola em Goiânia,
mata dois e fere quatro”
(G1- Goiás)

Mais uma notícia trágica em uma Unidade Escolar de Goiás traz à tona a questão de uma prática, infelizmente, muito recorrente nas escolas, o Bullying entre alunos.
 
É claro que o Bullying não ocorre apenas em ambiente escolar, pelo contrário, em todos os locais onde o agrupamento de pessoas revela uma relação em que um se sente no direito de intimidar, debochar e humilhar o outro que, em geral, não fez nada contra o seu agressor.
 
No entanto, o fato da escola ser um espaço plural, ou seja, bastante heterogêneo e diversificado, o Bullying acaba sendo uma prática, na maioria das vezes, invisíveis aos olhos dos adultos, sejam estes, os próprios professores, funcionários ou os responsáveis dos alunos. Daí a importância de tratarmos o tema em sala de aula, por meio de palestra e/ou projetos pedagógicos.
 
Assim como os professores, os responsáveis devem questionar os seus filhos acerca da prática de Bullying na escola (no caso se há com algum aluno) ou com ele mesmo.
 
Eu falo isso, porque fui vítima de Bullying, principalmente, na minha adolescência. E eu perguntei a minha filha, tanto na época do Ensino Fundamental II quanto no Ensino Médio, se ela sofria o mesmo na escola. A possível motivação para esta sofrer seria a mesma que eu sofri, a cor (muito branca).
 
Incrível, não! Mas, eu fui apelidada de “Omo Total”, “Branca Azeda” e “Branca de Neve”. Este último, embora fosse também usado para me constranger em relação à cor, eu até gostava por estar vinculado a uma imagem doce e bonita de uma personagem da história do Walt Disney.
 
Por esta minha experiência na adolescência, como vítima ou alvo de Bullying, eu procuro trabalhar a temática com as turmas, inclusive, cobrando o respeito entre eles, a fim de que o mesmo não se torne uma constante. A pessoa que já sofreu sabe, muito bem, as consequências nocivas por quais a vítima fica sujeita e que ela, na maioria das vezes, não sabe lidar sozinha com o problema.
 
O interessante é que, em geral, são os outros alunos que nos avisam acerca da ocorrência de Bullying na sala de aula (“uma prática, na maioria das vezes, invisíveis aos olhos dos adultos...”) e, quando eu pergunto ao aluno específico (a vítima) se ele sofre, quase sempre o ele nega. Ele só confidencia depois de adquirir confiança de que nada vai sofrer (represália).
 
Este ano mesmo, já intervi em alguns casos de Bullying com alunos tanto do 7° Ano quanto do 9° Ano. E, em todos esses casos, foram outros alunos que me avisaram, demonstrando certa indignação pela situação configurada. E, ainda, destes só um aluno negou veemente que era vítima, mesmo com a afirmação dos demais. Neste caso, eu comuniquei aos pais acerca da situação e pedi que conversassem com o filho em casa.
 
O problema é que a prática do Bullying não envolve apenas o aspecto de uma relação desigual de poder, por detrás do comportamento do seu agressor pode haver inúmeros fatores que desconhecemos. Daí ser muito importante as ações e orientações educativas dos responsáveis aos filhos, sobretudo, a partir do seu exemplo em atitudes e discursos em relação a terceiros.
 
A escola, enquanto espaço sociocultural, deve possibilitar o tratamento dessa questão através de projetos, palestras e até conversas informais em sala de aula. E, sempre que possível, alertar aos pais de ambas as partes, isto é, tanto do agressor (principalmente) quanto da vítima.
 
Além desses, os alunos que assistem e não fazem nada, ou seja, não chamam a atenção do agressor ou comunicam o fato a um adulto, também devem ser advertidos quanto à gravidade dos casos de Bullying e suas consequências.
 
O que não se pode fazer é manter os olhos fechados e/ou os braços cruzados.
 
Eu consegui superar as provocações na minha adolescência, mas muitos – por diversos motivos – podem não conseguir. E, com isso, reações diversas podem ocorrer com a vítima (depressão, angústia, isolamento social e, em casos extremos, o suicídio) ou, ainda, o mesmo se voltar de forma violenta ao seu agressor e a outras pessoas, de forma aleatória.
 
Tal como ocorreu, no dia 07 de abril de 2011, na E. M. Tasso da Silveira, em Realengo, bairro da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro, quando um ex-aluno - Wellington Menezes de Oliveira - já com 24 anos, retornou à Unidade Escolar, onde havia sido vítima de Bullying, principalmente, por parte de meninas e, portando dois revólveres (calibres 32 e 38) matou 12 alunos (dez meninas e dois meninos), de idade entre 13 a 16 anos. Os meninos foram baleados de forma acidental, segundo as reportagens na época. Além das doze vítimas fatais, mais de treze alunos ficaram feridos.
 
Vítimas do Massacre de Realengo
Imagem capturada na Internet
Fonte: RJNotícias
 
Essa tragédia comoveu o país inteiro e ficou conhecida como o “Massacre de Realengo” e devido a sua gravidade e, ao mesmo tempo, a importância de combatermos o problema nas escolas, foi instituída no ano passado, mais especificamente, no dia 29 de abril de 2016, a Lei nº 13.277, que estabeleceu que o dia 7 de abril é o Dia Nacional de Combate ao Bullying e Violência na Escola.

De acordo com o que foi noticiado na imprensa, o estudante que atirou confessou que planejou toda a sua ação há dois meses e ele se inspirou nos casos de massacre escolar ocorridos em abril de 1999, no Columbine High School (Columbine, EUA, em abril de 1999) e, em abril de 2011, na escola - acima mencionada - E. M. Tasso da Silveira (Realengo, Rio de Janeiro).

É claro que essa discussão deve ser permanente e durante o ano inteiro. Mas, devemos reconhecer a escola como espaço e ambiente propício à promoção de ações positivas acerca do respeito ao próximo, às pluralidades culturais, ao exercício da cidadania, à cultura pela Paz e à tolerância mútua.
 
A indiferença, o descaso e o próprio silêncio das vítimas acabam fazendo com que atos, como estes, sejam tão recorrentes. É preciso reclamar, procurar um professor, à Direção e aos próprios responsáveis para denunciar ou relatar as agressões (verbais e/ou físicas) sofridas.

Neste caso recente, ocorrido na última 6ª feira (20/10), no Colégio Goyases, em Goiânia (Goiás), o qual foi a chamada desse post, a vítima de Bullying, de apenas 14 anos, virou-se o agressor e atirou contra os colegas da turma.

Filho de policiais militares (tanto o pai quanto a mãe), ele usou a arma da mãe (pistola.40), matando dois alunos (João Vitor Gomes e João Pedro Calembro), ambos de 13 anos e, ferindo mais 4 estudantes (três meninas e um menino), que continuam internados. De acordo com os noticiários, três encontram-se em estado grave.

Um especialista na área da psicoterapia, no entanto, com base nas informações obtidas no caso assegura que não se trata de mais um caso de Bullying escolar e, sim, de um somatório de fatores ligados à formação da personalidade do adolescente que atirou, cujo processo é de responsabilidade direta e/ou indireta dos pais.

Eu não sou especialista, mas convivo com este problema no ambiente escolar. É preciso sondar se ele foi ou não vítima de Bullying, se a Direção do colégio foi notificada e tomou as medidas necessárias para solucionar o problema (advertência e conversa séria com o agressores, comunicação aos responsáveis etc.). Há muitas especulações em torno dessa tragédia, mas - infelizmente - dificilmente todas serão esclarecidas por meio das mídias.

Eu condeno a agressão (física e verbal) e as “políticas do revide e da vingança”, mas como mencionei neste post, a prática de Bullying deve ser levada com muita seriedade, pois vários fatores podem estar envolvidos por detrás de cada comportamento, tanto do agressor quanto da vítima e, as consequências para ambas as partes são imprevisíveis.


Finalizo ratificando que...
 
A vítima, na maioria das vezes, não sabe
lidar com Bullying sozinha.
É preciso a conjugação de ações positivas
contra esse problema de violência nas escolas,
com a participação e envolvimento
de todos os membros da Comunidade Escolar,
inclusive e principalmente, os pais. 
 

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