sexta-feira, 9 de março de 2018

08 de Março: Dia Internacional da Mulher II


 Imagem capturada na Internet

Texto atualizado em 09/03/2018 às 20h30
 
O Dia Internacional da Mulher, comemorado ontem (08 de março), sempre foi marcado por manifestações no mundo todo, inclusive no Brasil, organizados sob as bandeiras do respeito mútuo, a igualdade de direitos, o fim da violência contra a mulher, entre outras reivindicações.
 
Embora, seja uma data comemorativa conhecida e muito divulgada, anteontem e ontem, durante as minhas aulas, a maioria dos alunos do Ensino Médio não sabia origem da data (ou não quiseram se expressar). Mesmo sendo esta (origem) uma questão polêmica, pois os fatos não condizem com a data especificada (8 de março) pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975, o dia é referenciado a um grave incidente na história de Nova York (EUA) em relação a um incêndio em uma fábrica têxtil (tecidos), que resultou na morte de várias operárias.
 
 Observem a manchete do jornal The New York Herald
acerca o fatídico incêndio e a data de sua publicação
Imagem capturada na Internet
Fonte: A Chispa! 

 
Polêmica à parte, veja matéria a respeito disso clicando AQUI, o importante ao meu ver e tal como comento todos os anos é mantermos o foco na luta da mulher em ter seus direitos conquistados, respeitados e assegurados legalmente e de forma conscienciosa por ambos os sexos, bem como no combate à violência contra a mulher, cuja base conceitual faz parte da herança cultural do nosso país patriarcal e machista.
 
Quando menciono “direitos conquistados, respeitados e assegurados legalmente e de forma conscienciosa por ambos os sexos” me refiro à desigualdade de gênero que assinalam às diferenças mantidas entre a mulher e o homem tanto na sociedade quanto no mercado de trabalho e em outras esferas de abrangência. Esse legado da cultura machista é que responde pela permanência do preconceito, da discriminação e, sobretudo, da violência contra mulher, seja esta familiar ou não.
 
Em termos de mercado de trabalho, não restam dúvidas que, hoje, a mulher já conquistou espaço e reconhecimento em diferentes setores produtivos, antes nem pensáveis a sua ocupação... No entanto, o seu processo de inserção aos diferentes setores produtivos não foi nada fácil (sociedade, majoritariamente, machista e, estruturalmente, patriarcal).
 
Como é de conhecimento geral, dois marcos históricos a este processo são assinalados, mediante a necessidade de alocar a mulher em substituição ao homem, isto é, durante a I Guerra Mundial (1914-1918) e a II Guerra Mundial (1939 a 1945).
 
Embora, o Brasil não tenha participado ofensivamente do primeiro conflito, a situação emergencial na Europa (cenário tanto da primeira quanto da segunda Guerra Mundial) exerceu forte influência em nosso país, fazendo com que muitas mulheres passassem a trabalhar em repartições públicas, bem como em outras atividades.
 
Todavia, vale ressaltar aqui que, independente da conjuntura histórica, algumas mulheres já trabalhavam, sobretudo, as de classes sociais menos favorecidas, por questões estritamente econômicas, quer seja complementando a renda familiar quer seja sendo a única provedora, ou seja, na condição de chefe ou arrimo da família.
 
Mas foi, notadamente, a II Guerra Mundial que engendrou uma maior participação e inserção feminina no mercado de trabalho.
 
No entanto, podemos constatar que em ambas conjunturas (I e II Guerra Mundial), a questão do gênero e de seus papéis no mercado de trabalho tornam-se irrelevantes, tendo em vista a necessidade premente de adicionar a mão-de-obra feminina nos setores produtivos em substituição ao homem (combatente na guerra), como também dinamizar a economia. Daí a igualdade entre os sexos mediante a situação vigente e forçosa.
 
“(...) somente em períodos de guerra
a ideologia que diferencia papéis de gênero é
ligeiramente desativada,
e isto em prol de benefícios econômicos das sociedades,
ou seja, passa-se a não se diferenciar
"trabalho de homem x trabalho de mulher"
para se atender a interesses financeiros e de guerra.”  
(Lizandra Souza – Diários de uma Feminista )

 
E foi, sob este contexto histórico (II Guerra Mundial), mais precisamente em 1943, que o cartaz "We can do it" (Nós podemos fazer isso!), de autoria do artista gráfico estadunidense, J. Howard Miller (1918-2004) foi publicado como propaganda da fábrica Westinghouse Electric Corporation, com a intenção de incentivar a participação da mulher no mercado de trabalho em substituição à mão-de-obra masculina, na frente do conflito mundial.
 
 Imagem capturada na Internet
 
O seu principal foco, no entanto, era atingir as mulheres de classes sociais privilegiadas, as chamadas “donas do lar”, uma vez que – como mencionei anteriormente – as de classes menos favorecidas já exerciam trabalhos extra domésticos como renda complementar ou como arrimo de família.
 
Essas mulheres (“classe burguesa”), viviam voltadas para o lar, tanto no que diz respeito aos afazeres domésticos quanto ao controle deste realizado por terceiros (empregados) e, ainda, para ter e cuidar dos filhos, costurar, bordar etc.
 
A mulher, antigamente, não tinha nenhum direito, apenas deveres...
 
Sabe-se que até a década de 60 (Século XX), a maioria das mulheres brasileiras continuava sendo “rainha do lar”, enquanto outras eram obrigadas a largar o seu emprego por imposição do marido. Mas, muita coisa mudou... Maior conscientização, valorização e autonomia...
 
A partir dos anos 80 (Século XX), a imagem do cartaz, em questão, passou a ser veiculada aos movimentos feministas, na intenção de desconstruir ideias machistas e preconceituosas, largamente difundidas e apreendida em nossa sociedade, de que mulher é o “sexo frágil”, assim como de que ela não é capaz de exercer e/ou executar trabalhos tradicionalmente realizados pelos homens.
 
Hoje, a mulher arregaça as mangas, trabalha e estuda, tal como a mensagem da imagem do cartaz induz. Assume funções, até então, só desempenhadas pelos homens e atuam, praticamente, em todas as áreas profissionais.
 
Atualmente, ao assumirem a função de dona-de-casa, estas – na maioria dos casos - optam por vontade própria e não mais por imposição social ou por determinação de seu cônjuge.
 
Mas, ainda há muito conquistar e derrubar, sobretudo, resquícios da herança cultural machista que prega uma condição inferior às mulheres em relação ao homem nos mais diversos aspectos de sua vida e papel na sociedade.
 
A luta continua!
 

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